sábado, 29 de novembro de 2008

Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2008

Tudo bem, se é com desprezo que você me presenteio, abro o presente sorrindo. Não quer me responder, não posso lhe forçar a fazer diferente. Um dia ainda passo na sua porta e jogo ácido nas suas samambaias com aquele verde opaco e sem vida de todos os dias. Entraria no seu quarto irritantemente organizado e arranharia com as minhas próprias unhas vermelhas os seus cd's, queimaria delicadamente todas as suas enciclopédias, desarrumaria seus lençóis alvos e perfumados, pisaria com lama nos pés nos seus travesseiros. Mas, você sabe como eu sou uma covarde imunda que nem passa pela sua avenida, esqueço seu telefone, suas chaves já joguei janela a fora.
Bem, não vou mais te importunar. Vou talvez viajar por um tempo pra qualquer lugar, deixar meus cabelos crescerem, começar um curso de desenho. Vou comprar dezenas de livros, tirar muitas fotos, fazer muitos amigos e nem lembrar que algum dia tive o calor dos seus braços.

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